Trigo Safrinha é nova alternativa para produtores da região

Publicado em 01 de agosto de 2018

O trigo safrinha é semeado na primeira quinzena de março

Os produtores rurais da região Centro-Oeste agora tem mais uma opção para o plantio da safrinha. Eles estão apostando no trigo em área de sequeiro, que é excelente para o manejo do solo, aumentando a produtividade da cultura seguinte, além de ser uma cultura que pode gerar uma boa receita para o produtor rural. O trigo safrinha é resultado de estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Biotrigo Genética.

Esse ano, na área de controle da Cooperativa Agropecuária da Região do Distrito Federal (COOPA-DF), que é responsável pela produção das sementes certificadas de trigo e pela venda aos produtores, foram cultivados cerca de 1500 ha, e para o próximo ano é esperado cerca 5 mil ha de área plantada. De acordo com o engenheiro agrônomo do departamento técnico da COOPA-DF, Cláudio Malinski, com a colheita finalizada, a previsão de uma boa safra foi confirmada, acima de 2400 kg por hectare, que, segundo ele, é um ótimo resultado, considerando o baixo grau de tecnologia utilizado. “Nós recomendamos utilizar poucos insumos para baixar os custos e dar resultados. Os produtores que tiveram mais cuidados na sanidade da cultura estão tendo bons resultados. Uma produção acima de 40 sacas por hectare, o que dá uma receita bruta acima de R$ 2 mil/ha, com um custa em torno de R$ 1 mil a R$ 1,2. Isso dá um saldo bom, além dos benefícios que o trigo traz para o sistema como um todo, que são muito grandes”, explicou.

Com um resultado líquido de cerca de R$ 800 a R$ 1000 por ha, e em alguns casos acima disso, Malinski aposta que a área de trigo safrinha para o próximo ano poderá crescer de forma exponencial. “A cultura está se comprovando ser muito eficiente, e a tendência para o próximo ano, em virtude dos bons resultados alcançados, é que a área plantada aumente muito”, ressaltou.

O trigo também é uma excelente cultura para a melhoria do sistema de produção como um todo, pois deixa uma boa palhada, ajuda no controle de nematóides, tem bom enraizamento e matéria orgânica, e facilita a infiltração da água no solo. “Os benefícios que o trigo traz para o sistema de produção são incontestáveis, e só isso já seria uma boa vantagem, além de gerar um bom resultado financeiro. Outra vantagem é que o trigo tem um ciclo curto, da semeadura a colheita, são cerca de 105 dias, para um potencial produtivo de no máximo 3 mil kg/ha, mas levando em consideração o baixo custo para a produção é um resultado excelente”, afirmou Malinski.

Sobre o trigo safrinha

O trigo safrinha é semeado na primeira quinzena de março, se usa menos densidade de semeadura, e são cultivares específicos para essa época, mais adaptadas ao calor e resistentes a doenças. Tem qualidade industrial, ciclo mais acelerado em função da temperatura e usa menor quantidade de insumos, principalmente em se tratando de adubação, pois tem um potencial produtivo menor, onde não é necessária uma adubação tão intensa. Outra vantagem é que o trigo safrinha é colhido, principalmente no mês de julho, que é um período muito seco e que permite que tenha uma boa qualidade, não havendo a necessidade de fazer a secagem. “Com isso, tanto a indústria quanto o produtor, tem uma série de benefício”, ressaltou Malinski.

Concorrentes do trigo safrinha

Segundo Malinski, o departamento técnico da COOPA-DF recomenda que até o dia 20 de fevereiro o produtor deve semear milho. A partir disso, o produtor tem duas opções, semear trigo ou sorgo. Ainda em fevereiro a recomendação é semear sorgo e na primeira quinzena de março semear o trigo. Ao retardar a semeadura do trigo para o mês de março, é possível evitar a época favorável a doenças, o que é um fator positivo, explicou. “A gente também não recomenda plantar grandes áreas de trigo safrinha, por ser uma cultura que ainda está evoluindo, e nós vamos aprender muito com ela ainda e temos que nos adaptar ao mercado, então, é interessante o produtor também continuar plantando sorgo, que é a principal cultura concorrente do trigo, e ir evoluindo aos poucos, aumentando a área aos poucos, para conhecer melhor a cultura, montar sua infraestrutura de semeadura e se adaptar à nova realidade que está acontecendo”, afirmou.

Texto e fotos: Luiz Carlos Cenci